segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Top 10 coisas que você precisa se acostumar em UK - parte 2

Continuando a ultima postagem, vamos aos 5 primeiros do meu ranking.


5- Confiança. Brasileiro é cachorro maltratado pela história, talvez por isso a gente desconfie até da própria sombra. O Reino Unido também já sofreu com muita coisa no passado, mas aqui fiquei com a impressão de que há uma confiança muito maior nas pessoas, instituições e sistemas, ainda que eles às vezes não funcionem muito bem. Ninguém é obrigado a carregar carteira de identidade no bolso por exemplo, nem pra dirigir. E se o policial te parar na rua e aplicar uma multa? Aí você diz o seu nome e endereço (ele vai ter que confiar que você é você mesmo!) e você terá 1 semana para se apresentar (sim, por conta própria!) na delegacia com os documentos. Para tirar a carteira de motorista em si você envia tudo via correio (incluindo teu passaporte!) e eles devolvem tudo pelo correio também. Para fazer o seguro do seu carro você faz tudo via internet e ponto final. Ninguém pede documentos e ninguém vai querer inspecionar e tirar fotos de cada detalhe do seu carro. Se você falou que o carro é aquele e está inteiro, então pronto.

4- Trânsito. Todo o mundo já sabe que os carros andam à esquerda por aqui, mas cabe lembrar que mesmo que sua ideia não seja a de dirigir no país, você precisará se acostumar ao trânsito. Nos primeiros dias até mesmo atravessar a rua pode ser perigoso caso não esteja prestando atenção, já que a tendência natural é olhar para o lado errado. Pegar ônibus também é diferente pois afinal, o ponto fica "do outro lado da rua" e embarca-se pelo outro lado também. Em compensação os motoristas são em geral muito (mas muito mesmo) mais tranquilos e educados no trânsito. No Rio de Janeiro se você não for um pouco agressivo pra trocar de pista ou se unir ao trânsito de uma avenida mais agitada, você simplesmente não sai do lugar. Ninguém dá passagem! Enquanto isso aqui as pessoas querem tanto dar passagem para os outros que te dão espaço até quando você não quer. No Rio o pedestre mesmo atravessando na faixa deve esperar o sinal fechar para os carros e dar aqueles segundos a mais pra esperar os engraçadinhos que eventualmente irão avançar. Aqui você tem até que tomar cuidado pra não parar o trânsito sem querer, já que só de estar parado perto de uma faixa no estilo dessa ao lado (que não tem semáforo) vai fazer com que os motoristas te deem preferência. (Sim, é igual a clássica foto dos Beatles, na Abbey Road)

3- Clima. Brasileiros que vivem nas regiões do país onde é quente praticamente o ano todo (ou seja, maioria!) geralmente tem uma visão básica sobre clima fora do Brasil: faz frio. Mas não é assim tão simples já que muitos lugares do mundo têm estações do ano bem definidas. No sul da França e grande parte de Itália, Portugal e Espanha no verão faz sim 40 graus bastante incômodos. Algumas regiões do Canadá por exemplo têm desde -40 no inverno até quase +40 no verão.
Dito isto, o Reino Unido não tem essa extensão toda de temperatura e é considerado "ameno" o ano todo. Significa que o inverno raramente vai abaixo de zero durante o dia mas também que verão acima de 30 é raríssimo. Temperaturas à parte, é bom se acostumar com uma característica mais predominante: as nuvens. Aqui é um dos poucos lugares do mundo onde é possível ter semanas consecutivas de tempo predominantemente nublado em qualquer estação do ano (em grande parte da Europa, no inverno isso é até comum, mas não no resto do ano). Então sim, pode ser um pé no saco. Ah, e o inverno é bastante escuro e curto (poucas horas de luz do dia). Isso porém não significa que você pousa no país e nunca mais vê o sol. Há vários períodos de clima agradável e sim, céu aberto azulzinho e sol. Sendo assim, aprenda a aproveitá-los. Dia de sol no meio da primavera/verão - quando ainda há luz do sol até umas 10 da noite - é extremamente agradável pra ficar na rua e aproveitar. E não tão raro assim como o estereótipo sugere. Praia também lota no verão (vide foto de Bournemouth ao lado). Mas é aquilo, né? No Brasil às vezes o verão é ruim mas o inverno pode ser doidão e com o maior calor. E primavera e outono também estão aí e não deixam a desejar. Já aqui não tem jeito: se o verão desse ano não é bom - e bom significa que houve número decente de fins de semana de sol e temperatura "morna" entre Maio e Setembro -, já era. Reza pro ano que vem ser melhor. Como não dá mesmo pra contar com o daqui, mais fácil fazer uma viagem curtinha pra outro canto da Europa pra curtir um verão mais confiável.

2- Almoço no trabalho. Tradicionalmente o almoço é a refeição menos importante do dia por aqui. O normal é comer um sanduíche em torno do meio-dia - muitas vezes de frente para o computador - e ir pra casa no fim do dia pra aí sim ter uma refeição completa (a proper meal) em casa com a família no jantar. Muitos brasileiros por aqui consideram isso como comer mal mas eu acho que não necessariamente deixa de ser saudável. Sanduíche não significa McDonalds assim como refeição completa não significa saudável! Geralmente come-se um sanduíche balanceado, com proteína e saladas, às vezes uma sopa... e vejo o pessoal lá no trabalho também intercalando as refeições com frutas. Nada mal. Só que eu acho nutricionalmente ok mas social e mentalmente ruim. O problema que vejo nessa tradição não é exatamente na comida em si, mas no fato de não haver o costume de sair do ambiente de trabalho e almoçar em grupo, o que pra mim é tão importante quanto o alimento em si. Logicamente que nem todo o mundo é igual e sendo ou não por conta da globalização, vejo muita gente (ingleses ou não) parando devidamente pra almoçar.
Além disso nada te impede de levar uma marmita com feijão e arroz pro trabalho. E você também pode sair pra comer fora, embora dependendo da região onde se trabalha, pode não ser assim tão fácil ter muitas opções com o devido custo-benefício. Com sorte a empresa em que você trabalha possui algum tipo de restaurante subsidiado no prédio, o que significa comida legal (sanduíche e outros, para gregos e troianos) a bons preços.

1- Sotaque(s). Ainda que você fale e entenda inglês muito bem, é muito provável que como brasileiro você esteja mais acostumado ao jeito americano de falar. Ao chegar em UK você vai provavelmente sofrer um pouco (ou muito). Mas não cometa o erro de achar que é preciso simplesmente entender o "sotaque britânico"! Primeiro porque não há somente um sotaque no Reino Unido. Em Londres fala-se de um jeito, no Leste de outro, o norte da Inglaterra soa de outra forma... E jamais esqueça que Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte também fazem parte do Reino Unido, cada um com seu(s) sotaque(s). Fora isso, cada geração e cada classe social tem seu jeito de falar, assim como acontece em qualquer língua. Ou você realmente acha que um adolescente "do gueto" fala do mesmo jeito pomposo que a Rainha? Ah, e lembre-se que o país é cosmopolita. Ou seja, vai se acostumando a pessoas falando inglês com sotaque indiano, polonês, italiano, francês, chinês... E nem todo o mundo falando corretamente (incluindo os nativos!). Estudo inglês desde criança, considero que falo muito bem mas não tenho vergonha em falar que deixo de entender muita coisa de vez em quando. Sempre aprendendo! E na verdade, tem muito nativo de uma região que não entende o que o outro fala.

Clique aqui e leia mais...

domingo, 18 de janeiro de 2009

Top 10 coisas que você precisa se acostumar em UK - parte 1

Esse tópico é baseado nos vários "top ten things" do blog Gringa in Rio (que é ótimo e recomendo!) e portanto não poderia deixar de mencioná-lo. Basicamente esse texto é uma lista dos "dez mais", então não preciso explicar muito. Segue abaixo:


10- Diversidade cultural. Eu sei, nós brasileiros estamos acostumados à diversas culturas e cores diferentes. Mas no Brasil tudo se misturou e viramos uma grande raça brasileira que fala o mesmo idioma. No Reino Unido - principalmente em Londres - é diferente pois há uma diversidade enorme de gente que nasceu mesmo em outro país (ou no máximo é 2a ou 3a geração) e agora vive por aqui, mantendo seus costumes e características. Ou seja, ainda são estrangeiros em sua forma original, crua e integral. (risos) Muitos se misturaram à cultura local mas muitos ainda vivem em comunidades separadas, formando certos guetos. É gente do mundo todo se esbarrando a cada momento, de forma a em alguns momentos te dar impressão de que fala-se todas as línguas do mundo em Londres... exceto inglês. Negros, brancos, loiras e morenas? Esse é o básico da pluralidade e é normal por aí em "qualquer" cidade. Mulher de burca só com os olhos de fora? Homem de barbão e turbante trabalhando na imigração? Indianas com roupas típicas? Brasileiro com camisa do Corinthians? Toda essa gente junta no mesmo vagão do metrô? Isso é cosmopolita, isso é Londres!


9- Assoar o Nariz em público.
Isso vale pra Europa toda (acho). Quando estamos resfriados no Brasil a gente fica fungando pra cima e pra baixo e só assoa forte mesmo no banheiro. Aqui acho que seguem o seguinte conceito: coisa ruim é para botar pra fora. Nada mais normal do que andar com lenço no bolso e assoar o nariz sempre que necessário, seja onde for: no meio da rua, ônibus, metrô, escritório, sala de aula... Quando tem mais de um resfriado é uma barulheira do cacete. Dá pra medir a "APM" (assoadas por minuto). Conclui-se portanto que no fim das contas aqui é o inverso: ficar fungando por aí com o nariz escorrendo ao invés de assoar que é considerado meio nojento.




8- Cultura "faça você mesmo". É o famoso DIY (Do It Yourself). No geral significa fazer tudo na sua casa (manutenção, pintura, jardinagem ...) por conta própria, sem contratar ninguém. Mas por aqui a bricolagem (DIY em bom português) vai um pouco além de ser um hobby pra alguns. Pode ser necessidade! A verdade é que mão-de-obra é sempre cara e fazer você mesmo pode ser o melhor custo-benefício. Assim que vim pra cá por exemplo um camarada meu do trabalho (um inglês) tinha acabado de repavimentar a frente e parte da calçada (na verdade a driveway). Isso que é 'virar laje', hein? (risos)
Isso não é só com consertos e melhorias em sua casa. Você deve pensar em se virar sozinho para praticamente tudo. Ter aquela empregada/diarista faz-tudo (faz faxina, lava, passa e ainda é babá das crianças) ganhando míseros R$500,00 (às vezes sem carteira assinada) que é relativamente comum na classe média brasileira por aqui é pra pouquíssimos. Aliás, nunca ouvi falar de ninguém que tenha. Repito: mão-de-obra é cara! Por um lado é bom porque o empregado não ganha salário de fome, por mais simples que seja o trabalho. Mas também significa que tanto indivíduos quanto empresas evitam a contratar um ser humano quando não é 100% necessário. Desde não ter porteiro na maioria (senão todos) dos prédios residenciais até abastecer seu carro (nada de frentistas) ou fazer compras (já há self-checkout como na foto ao lado que substituem os caixas de supermercados) tende a ser tudo contigo mesmo. "Se vira neném"! Por outro lado, quase tudo tende a ser prático, direto, com pouca ou nenhuma fila e informatizado sempre que preciso.

7- Espaço pessoal e privacidade. Muita gente diz que europeu é mais reservado, e alguns povos são especialmente famosos nesse aspecto, como o pessoal dos países nórdicos, os alemães... e os ingleses. Mas fazendo uma auto-crítica ao nosso jeito de ser e olhando o outro lado da moeda (lendo o blog da gringa por exemplo) na verdade percebe-se que o brasileiro pode ser um pouco intrusivo demais. A gente acha que todo o mundo tem que ser "camarada", que todo o mundo tem que gostar de conversar sobre futebol e que todo o mundo tem que aceitar uma sacanagem de vez em quando. Você me chama de baixinho/gordinho/magrinho/quatrolho e eu assumo que posso te chamar de negão/cabeção/paraíba/etc, mesmo que tenhamos nos conhecido hoje.
Dito isso, você perceberá que as pessoas por aqui evitam ficar encarando estranhos na rua. No Brasil (ou no minimo no Rio-SP) não tem nada mais comum do que uma amiga cutucando a outra pra reparar e falar mal da roupa de uma terceira mulher que está no mesmo ônibus. Aqui tem gente que pendura melancia no pescoço (literalmente às vezes) porque é fashion (na cabeça dela!) e as pessoas simplesmente deixam estar. Nas casas por aqui é completamente incomum haver muros, o que significa que é possível literalmente olhar tudo dentro da casa das pessoas pela janela. Mas também percebo que praticamente ninguém olha, todo o mundo evita invadir a privacidade alheia. Trocar beijinhos no rosto? Isso é coisa de francês. Aqui só se você já tiver certa intimidade com a pessoa.

6- Casas antigas. Como você já sabe, o Reino Unido é um país extremamente antigo ( não a toa a Europa é o Velho Mundo). E também deve saber que as ilhas britânicas são... ILHAS, o que por si só costuma significar "pequeno". Sendo assim, não há muito espaço nos grandes centros pra novas construções e tende-se a preservar o verde e o que é antigo (raro demolir pra construir arranha-céus). Ao procurar acomodação por aqui portanto você deve se acostumar com o fato de que é muito mais provável encontrar uma casa (bi/tri)centenária do que um apartamento moderno. Mais detalhes sobre isso vou deixar para um post específico. Por hora, saiba que há excessões (muitas até, dependendo de sua cidade) mas se acostume com a regra.

Fique ligado. Na próxima semana revelarei os 5 primeiros do ranking. Acesse o blog e confira.

Fotos: google images

Clique aqui e leia mais...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Notícias da semana - too cold to brrr-eak in!

Muita coisa acontece por aqui, mas duas notícias interessantes me chamaram atenção semana passada.

Aquecimento global?

A Europa nesse dezembro-janeiro está vivendo um inverno muito frio. Aqui em UK particularmente tem sido o inverno mais frio dos ultimos 30 anos. Coisa anormal do tipo ficar com temperatura abaixo de zero durante o dia aconteceu com frequência aqui no sul da Inglaterra. Por outro lado isso significou céu predominantemente aberto e de sol (que não esquenta nada).
Mas aparentemente já passou. Voltamos ao inverno normal britânico: tempo mais ameno (temperaturas negativas de madrugada mas relativamente tranquilas - entre 5 e 10 graus - de dia) mas em compensação mais nublado e chuvoso de tempos em tempos.

Frio demais pra roubar

A curiosidade fica por conta das estatísticas da polícia de Wokingham (cidade aqui ao lado de Reading). Eles perceberam que o crime no dia do Natal caiu 80% com relação ao ano passado. No Natal de 2007 foram 21 incidentes registrados e agora em 2008, só 4. Dificil saber o porquê, mas uma boa possibilidade é que o inverno está tão anormalmente frio que nem os bandidos saíram de casa.

Pra quem está curioso mas não entende inglês, as 4 ocorrências do Natal foram: agressão, agressão sem ferimentos, arrombamento de uma casa na madrugada e a última eles chamaram de um "estrago criminal a uma casa". Não explicaram exatamente o que é mas provavelmente significa que alguém jogou pedra na janela de alguém.

Conclui-se então que temos uma solução pra reduzir a violência no Brasil. Vou mandar a sugestão pro Lula incluir um mega ar-condicionado na verba do PAC. :-)


Clique aqui e leia mais...

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A horrível comida inglesa? - parte 2

Continuando o assunto de semana passada, dessa vez vou além: provo pra vocês que até os ingredientes podem não ser daqui. Todo alimento vendido aqui tem logicamente toda aquela informação nutricional e de fabricação/validade que a gente conhece. Mas além disso, tem sempre estampada também a ORIGEM do produto. É mais do que comum a comida do supermercado vir de diversas outras partes do mundo, menos daqui. Isso ocorre por diversos motivos: econômico (pode ser mais barato importar determinados produtos), disponibilidade (ou não é produzido aqui ou está fora de época), variedade (pra dar mais opções ao consumidor), qualidade (o de fora às vezes é melhor e mais barato) etc.

Seguem algumas fotos dessa verdadeira "globalização alimentar":

Acima, morangos vindos do Egito. Certamente por estarem fora de época aqui no momento, já que morango britânico é excelente e sempre tem em abundância em tudo quanto é mercado durante o verão



Manjericão de Israel


Brócolis da Espanha

Tomate da Espanha


Pimenta de Zambia(!)


E sim... Cebola britânica! Geralmente com bandeirinha pra mostrar orgulhosamente que é produto local e que ao comprá-lo você está contribuindo para as empresas, famílias e o "countryside" daqui.


Há também quem reclame de frutas em geral e realmente muitas podem não estar tão amadurecidas quanto gostaríamos. Provavelmente é porque algumas vêm de longe e vale mais à pena colhê-las um pouco mais cedo pra que chegue em boas condições aqui. Mas é só deixá-las amadurecer um pouco em sua casa que está tudo certo. O mesmo fenômeno portanto acontece: a gente aqui por exemplo compra uvas e mamão papaia com frequência. Quer saber o que geralmente vem escrito no pacote de ambos? "Produce of: BRAZIL"!!!

Ou seja, se quiser você NUNCA come nada típico britânico, então isso não é desculpa! Se quiser pode até comer arroz e feijão todo dia. Arroz pode ser "Uncle Ben's" mesmo e feijão preto eu reparei que geralmente vem da China e é excelente (tão bom ou melhor que o do Brasil).

Agora fala pra mim: como que a comida daqui é horrível se a comida nem daqui é? Ah tá, é a cebola que está atrapalhando. (risos)

Restaurantes

Restaurante também tem de tudo quanto é tipo. Muitos são caros é verdade, e talvez a grande diferença no Brasil é que costuma haver opções baratas e de boa qualidade (ou quase). Nada como um bom "PF" naquele lugar minúsculo da esquina pagando menos de R$5,00, né?

Mas por aqui alguns são acessíveis sim para um ocasional jantar ou almoço de fim de semana. Comparação simples:

Se você for jantar em uma "Parmê" no Rio de Janeiro, paga no mínimo R$25,00 por pessoa (o que é cerca de 6% do salario minimo bruto mensal).
Se você for em um "Strada" por aqui, paga uns £15,00 ou £20,00 por pessoa (cerca de 2% do salário mínimo mensal), o que pra mim significa que o custo é próximo.

Isso em 2 "courses" (entrada e prato principal, ou principal + sobremesa) e bebida. E eu acho que o Strada (uma cadeia de restaurantes italianos daqui) tem massas muito saborosas, de qualidade igual ou superior a Parmê no Rio por sinal.

Agora:

- se você no Brasil vivia com os pais e mamãe que cozinhava;
- se no Brasil você era classe média e na Inglaterra nem perto;
- se ninguém onde você mora tem interesse em cozinhar;
- e se na Inglaterra você precisa comer o mais barato possível sempre porque está contando centavos por algum motivo...

... aí você está comparando 2 situações de vida completamente diferentes, né? Você mudou de estilo de vida, de classe social, de cozinheiro(a)...

Pense bem: a mudança de país em si foi a que menos impactou na sua alimentação!!

Dica? Assista a ao menos um dos diversos programas de culinária na TV, compre um livro de receitas e aprenda a cozinhar pelo menos o básico. Reclamação sem fundamentos não vai te levar a lugar algum...


PS1: Lógico que se você quiser comer carne de sol, rabada, acarajé, beber açaí de manhã, água de coco no almoço e chimarrão à tarde todos os dias como você fazia (mesmo?! todo dia?!) no Brasil, aí não vai dar. Mas se você não tem um mínimo de flexibilidade, vale uma reflexão: tem certeza que nasceu pra viver fora do país?

PS2: E além de tudo não perco meu tempo fazendo compra de mês em supermercado nem carregando bolsas. Compro tudo on-line!



Clique aqui e leia mais...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

A horrível comida inglesa? - Parte 1

Tem brasileiro que enche a boca pra falar que a comida na Inglaterra é horrível e que passou a comer muito mal ao viver aqui. Continuo discordando fortemente. E ainda me arrisco a dizer que como até melhor (ao menos de forma mais saudável e balanceada) aqui do que no Brasil. Nos supermercados praticamente tudo é acessível. Vi uma pessoa que concorda comigo usar como exemplo o fato de que ela come muito mais peru do que frango por aqui, até porque peru chega a ser mais barato. Verdade! E não só peru como salmão, bacalhau, atum (tudo isso já em posta ou filé) e muita coisa que no Brasil é só uma vez na vida outra na morte, aqui é extremamente acessível ali no supermercado.

Até ingredientes pra deixar o prato mais "extravagante" que no Brasil você teria que tentar achar em lugar especializado e pagar fortuna, aqui você encontra em qualquer Tesco - supermercado tão popular quanto o "Guanabara" ou talvez o "Extra" - da esquina. E barato. Ex: mostarda dijon/integral, creme de leite fresco francês ("crème fraîche"), queijo parmesão ou mozzarela de bufala de primeira direto da Italia (aliás, queijos em geral!), presunto de Parma, pão ciabatta, etc... Tudo isso por preço unitário que muitas vezes nem chega a 1 libra.

Mesmo quando o assunto é carne - que no inicio confesso que me decepcionei e quase desisti - também há boas opções. Se você for ao Waitrose (que é um mercado um pouco mais elitizado) encontrará carne de boa qualidade... mas pagará preço meio alto. Se você mora em Londres, há vários açougues brasileiros. Procura saber onde está o mais perto de você. Se a empresa em que você trabalha (ou algum amigo trabalha) tem convênio com Makro e Costco, vá lá porque o Makro constuma ter carne brasileira e o Costco tem carne britânica mas de boa/ótima qualidade, geralmente a bons preços. Por fim, descobri que o ASDA costuma ter carne decente (não tão boa quanto a dos exemplos anteriores) a bons preços e mais facilmente disponível, já que ASDA é um dos 3 grandes (junto com Tesco e Sainsbury's). Mas eu nunca mais compro carne no Tesco porque em todas as vezes que tentei era horrível e sem gosto. Ah, e não esqueça a Brazil Products que entrega no país todo.

Ou seja, as boas opções estão aí, contanto que você saiba onde comprar. Mas que eu lembre, no Brasil se você não souber onde tem carne boa também vai sofrer, certo? Correndo inclusive o risco de fazer churrasco com picanha dura - ou mesmo "picanha que não é picanha" - e linguiça de má qualidade.

O papo sobre carne me lembra de comentar sobre os vegetarianos. Me arrisco a dizer que todos os restaurantes no Reino Unido possuem opções de prato vegetariano (geralmente marcado com um "V" verde no menu). Estima-se que no país existam cerca de 4 milhões de vegetarianos (7% da população) e que entre os mais jovens o percentual chega a 12%. Entre nossos amigos mesmo há vários e sempre que nos reunimos a gente se organiza pra ter comida vegetariana também. Ser vegetariano certamente não é fácil mas é muito mais tranquilo por aqui.

No próximo post continuo o assunto alimentação comentando um pouco sobre restaurantes e provando que se quiser você nem come nada britânico. Aliás, mesmo se quiser pode ser difícil de encontrar. :-))

Foto1: o tradicional e infame café da manhã completo inglês (full english breakfast). Com torrada, ovo, tomate, salsicha, cogumelos (mushrooms/champignon), feijão (baked beans), ovo e bacon (que na verdade é como um presunto frito).

Foto2: Chicken Curry. Um dos muitos pratos indianos que foram adaptados ao Reino Unido e agora são considerados comida típica britânica. Nós aqui em casa passamos a adorar!

Foto3, 4 e 5: Bacalhau, bife e salmão com sei lá o quê! Comida britânica mais contemporânea, com influência de outras culinárias. É o mais comum de se encontrar nos restaurantes hoje em dia, em um movimento liderado pelos vários "chefs celebridade" do país (Gordon Ramsey e Jamie Oliver sendo os mais conhecidos no Brasil).
Clique aqui e leia mais...