sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Vivendo em comunidade

Nós brasileiros estamos sempre enchendo a boca pra dizer que somos o povo mais sociável, amigo e emissor de calor humano do mundo. Mas a dolorosa verdade é que com exceção de determinados eventos geralmente ligados à diversão (choppinho de sexta, futebol semanal, show de pagode/funk/axé/mpb/rock na praia...) temos grandes dificuldades em nos organizarmos em grupo e em sociedade.


E nem estou aqui falando somente de ações que partem dos governo e que custam rios de dinheiro. Falo de iniciativas que muitas vezes partem de gente comum e que depois de um tempo acaba virando tradição. Algumas coisas que vejo por aqui e que desconheço da existência no Brasil (mas não vejo motivo para não ter!):

  • Playgroups: são grupos onde basicamente há uma reunião semanal com pais (ok...tipicamente mães) e suas crianças do bairro/da cidade. Crianças que vão desde bebezinhos de colo até uns 3-4 anos (justamente antes da idade escolar). Ou seja, reúne-se em um espaço qualquer (geralmente público como igreja, escola, biblioteca...) e as crianças se encontram pra brincar. O espaço geralmente tem brinquedos e também é comum que os organizadores criem brincadeiras (como cantar e dançar) para os pequenos. Enquanto isso os pais supervisionam mas também aproveitam pra socializar, comendo um lanchinho com café ou chá.
  • Neighbourhood Watch: já comentei sobre isso aqui em outro post sobre segurança. Mas basicamente é uma parceria entre a polícia local e pessoas de sua rua ou do seu quarteirão. Alguns vizinhos portanto se encarregam de serem o ponto de contato entre policia e os moradores, de forma a alertar sobre crimes que estejam acontecendo recentemente ou simplesmente trabalhar em conjunto na prevenção. Coisa básica por exemplo seriam os vizinhos ficarem de olho em sua casa enquanto você está fora em viagem. Coisas bobas do tipo não deixar acumular cartas na porta e ficar atento à pessoas desconhecidas rondando a propriedade já significam redução grande da possibilidade de a vizinhança ser vítima.
  • Mães fazendo exercícios juntas com carrinho de bebê: Essa foi uma coisa curiosa que Leticia viu outro dia. Um grupo de mães caminhando juntas pelo parque (como forma de exercício), todas empurrando os carrinhos de criança. Como eu já imaginava, não é uma coisa isolada: existem grupos organizados como o "walks with buggies" para auxiliar nisso.
E vocês: Já viram dessas coisas por aí?
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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Imigrante de memória curta

Quando ouço ou leio por aí brasileiros (e outras nacionalidades também) reclamando sem parar da terra em que resolveram morar - na maioria das vezes por vontade própria - fico confuso. Se veio porque quis e tudo é tão ruim assim, porque não voltar? Pensei, refleti e acho que é mais ou menos assim:


Reclamamos do clima "horrível", do frio lá fora
Só que aqui dentro está quentinho: todo o mundo tem aquecedor
Esquecemos que por lá ar condicionado na casa toda é impossível de caro
Reclamávamos do "insuportável" calor

Reclamamos que a comida é "péssima"
Mas esquecemos que aqui come-se salmão e bacalhau até passar mal
e que lá isso é "pra rico"
e só no Natal

Reclamamos que aqui não tem praia por perto
mas esquecemos que por lá quem vai todo dia é a minoria
que vive de frente pro mar

que a maioria só vai a praia em feriado prolongado
e olhe lá

vai pra região dos lagos e portanto, tem viajar

Reclamamos que aqui não tem calor humano
Que é "tranquilo demais", ninguém faz barulho, ninguém nos chama de irmão
Mas esquecemos que lá o funk não nos deixa dormir
Isso quando o FDP lá fora não solta fogos (ou tiros) gritando: "Timão"!

Reclamamos que restaurante em geral é caro...
Mas esquecemos que muitos amigos são garçom ou cozinheiro
Que aqui eles não ganham salário de fome
E que isso naturalmente tem que vir do nosso dinheiro

Reclamamos que aqui também tem alguma violência, é lógico
Mas esquecemos que aqui todo o mundo para no sinal
que avenida congestionada por lá pode não ser nada
Mas tiroteio é causa tão comum que virou coisa normal

Reclamamos que "aqui tudo fecha cedo"
Mas esquecemos que pra loja funcionar 24horas é preciso alguém
que tem que passar a madrugada de domingo longe de casa
só pra loja estar lá disponível... muitas vezes pra ninguém

Reclamamos que tudo é diferente, tudo é "horrível"
Viemos pra cá porque queríamos, mas "bom mesmo é o Brasil"
Mas esquecemos que a solução é simples:
voar de volta pra pátria que nos pariu!

Confuso é ver muita gente partir
e chegando lá sentir saudades daqui

E depois de um tempo reclamando de lá
Ficar pra sempre pensando em vir pra cá...

Agora que está escrito, tentemos não mais esquecer. E putz, reclamar sem fazer nada pra quê? Aproveite! seja onde for...

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