domingo, 23 de dezembro de 2007

Capitulo 9 - O Povo : colonizador vs. colonizado

Antes de mais nada, obrigado à todos pelos comentários, principalmente no post sobre Madrid. Continuemos assim, gerando discussões e mantendo contato.

Esse post é um comentário relacionado ao blog do meu amigo Marlos, que está bloggando de lá de Sydney, Australia. No post O POVO, ele comenta sobre o jeito de ser dos aussies. Conforme combinei com ele, vamos tentar mostrar as diferenças entre os dois países, até porque sei muito bem que está cheio de gente lendo o meu blog ou o dele e pensando em imigrar para um dos dois países. Sem contar que tem muito carioca que quer imigrar e pensa logo em Australia, por ter praia e clima parecido com o do Brasil, sendo sempre quentinho (pesquise direito que você vai ver que não é bem assim!). Vale lembrar que a Australia era uma colônia britânica, na qual a independência se deu com o estatuto de 1931, aderido 100% pelos australianos em 1942. Isso se entendi bem e fiz o meu dever de casa corretamente... (risos) De lá pra cá muito mudou em ambos os países, então vamos comparar.

Marlos diz que de maneira geral o povo é educado, gentil e solidário. Não tenho nada a adicionar, também tenho o sentimento de que aqui é o mesmo. Se você vai a uma loja ou a um restaurante, espere ser atendido com um sorriso. Ficamos impressionados quando fui à delegacia (porque todos os que têm visto de mais de 6 meses devem se cadastrar na polícia) e fui extremamente bem atendido pelas policiais (mulheres!). Além disso, se duas pessoas se esbarram, ambas falarão "sorry", independe de culpa.

"O povo australiano goza de um padrão de vida muito alto (...) o povo daqui é bastante simples". Se os aussies aí usam bermudão, aqui entre os britons isso é raro mesmo no verão. O clima logicamente influencia (e muito!) a forma de vestir das pessoas. Aqui é todo o mundo relativamente bem vestido, até porque mesmo as roupas baratas são de boa qualidade. A mulherada dificilmente sai sem maquiagem na rua e muitas usam e abusam (mas a maioria fica muito bem... nada exagerado). Quanto aos homens, nada de cabelo despenteado. É comum os caras criarem penteado e botarem um gel pra ficar brilhando. Mas nada exagerado também... Terno e gravata é extremamente comum, assim como o famoso sobretudo. Eu diria que nas roupas em geral, as pessoas no dia-a-dia se vestem como qualquer carioca quando vai sair pra uma festa comum à noite. Vale dizer que é visível como a influência nas roupas do Brasil vem da Europa e não dos EUA, que é de onde as pessoas acham que o Brasil copia tudo. Agora, "(...) andarem descalças nas ruas, andarem de chinelo havaianas em vôos domésticos, motoristas de ônibus trabalhando de bermuda" ?! Isso é inimaginável por aqui !

"O espírito de comunidade também é grande". Sem dúvida meu amigo! Aqui também é assim. Quando chegar a primavera, os jardins e parques públicos ficarão todos floridos e ninguém vai lá tirar uma flor pra levar pra casa. Isso que o Marlos falou sobre sacolas plásticas para que os donos limpem a sujeira dos cães eu ainda não reparei por aqui. Mas se não está disponível publicamente, os donos provavelmente levam, porque não lembro de ter visto cocô de cachorro no chão.

"Se você por um acaso deixar alguma coisa em algum lugar, tipo um parque, você pode voltar para buscar que muito provavelmente ainda vai estar lá". Hum... não me arrisco a dizer isso por aqui não. Se for por pouco tempo, é provável que esteje lá sim mas... se você deixar uma sacola ou mochila nas estações de trem ou metrô por muito tempo, eu diria que você não encontra mais. Não que tenha sido roubada. É que eles sempre anunciam : "don't leave any items unattended! Any unattended item will be removed and possibly destroyed!" (tradução: "não deixe itens por aí de bobeira ! Qualquer item 'largado' será removido e possivelmente destruído!). Não pode dar bobeira pro terrorismo, certo? ;-)

Quanto à atos de vandalismo, eles são poucos mas ocorrem. Principalmente em coisas como pichação e quebra de cabine telefônica. Mas sim, fortes multas (ou cadeia !) para os infratores. Também fico revoltado quando vejo lixo no chão, tipo latinha de cerveja ou saco de lanche do McDonalds. Não se compara com o Rio, mas de vez em quando você encontra. Lamentável... coisas de inglês idiota, de adolescente sem educação, de gente bêbada ou de imigrante que não tem cuidado.

Lembrei de outra coisa que faz parte da sociedade e que chama atenção: a preocupação com o meio ambiente. Marlos falou em recompensa para os denunciantes, e lembrei que aqui se tiver um vizinho regando o jardim ou lavando o carro com mangueira, alguém vai ligar pra polícia e denunciar ! O infrator vai tomar uma multa e quem denunciou, uma recompensa. É pra regar o jardim com regador !!! Isso me lembra de como eu ficava lamentando lá no Rio de ver um monte de gente na rua usando a água que sai da mangueira como vassoura !

Outra coisa com relação ao meio ambiente é a questão da coleta seletiva e dos sacos plásticos. É comum o supermercado te dar desconto na conta caso você devolva alguns sacos. Além disso, em algumas lojas de roupas, eletrônicos e outros, é muito comum o caixa te perguntar: "o senhor precisa de sacola?". Nas primeiras vezes nem me liguei, mas depois comecei a perceber isso e a me sentir culpado em responder "sim". Se eu já comprei algo em uma loja e já tenho uma sacola na mão, pra que pegar outra só porque comprei uma mísera embalagem de pilhas alcalinas? Viver por aqui é se acostumar com esses novos conceitos. E fico me perguntando: "será que depois 'desacostumo' ao voltar (voltar?!) para o Brasil ?"
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sábado, 15 de dezembro de 2007

Videos - dirigindo do lado... certo !

Mais um pouco pra vocês terem uma idéia de como é... em movimento ! :-)

Indo pro trabalho de manhã. M4 eastbound :



sim... não confundam : a pista rápida é a da DIREITA ! Ultrapassagem é pela DIREITA !



Voltando pra casa à noite. M4 westbound :





Passando pelo centro de Reading:



Agora em uma zona mais residencial :


Dirigir por aqui é aprender a ter noção espacial. Tem que ser craque em tirar fino, sem bater !


Vale lembrar também que os motoristas costumam respeitar as leis de trânsito. Além disso, fiquei impressionado em como as pessoas são mais educadas e calmas. Os motoristas chegam a DAR PASSAGEM quase que sem você pedir. No Rio, parece que o pensamento que impera é aquele : "o que esse babaca quer fazer? Não! Aqui não vai passar não!". Já por aqui, muitos chegam a tentar adivinhar o que você quer fazer e sempre alguém vai te dar passagem sem que você precise "implorar" ou quase jogar o carro em cima. Além do mais, tudo cheio de gentilezas : deixou o carro ao lado trocar de faixa Pode ter certeza de que vai receber um aceno de obrigado com as mãos ou com o pisca-alerta.

Também não vejo as pessoas impacientes mudando de faixa o tempo todo em um congestionamento e também NUNCA vi ninguém "costurando" na rodovia. Mas é comum algumas pessoas passarem do limite de velocidade sim. Mas também, sinceramente : com pista limpa, sem buracos e carro luxuoso e potente, tem que fazer um grande esforço pra não passar de 70 mph (+- 110Km/h). Por outro lado é comum às 11PM ver NINGUÉM na pista rápida da rodovia, com os carros trafegando pela pista lenta, mantendo-se no limite de velocidade e usando a pista rápida só pra ultrapassagem (como manda a legislação). Clique aqui e leia mais...

quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Capitulo extra - Sotaque inglês

Finalmente achei um exemplo pra descrever a variação de sotaque dos ingleses.
Uma propaganda da Heineken de 1985 !!
Nessa propaganda, o cara tá tentando ensinar pra garota como falar que nem um "Cockney" ou "working-class".

ela tem q falar :
"The wa'er in Majorca don' taste like wot it ough' a"

mas só consegue falar do jeito "posh" do "standard English "(ou "RP=Received Pronunciation", ou ainda "Queen's English" ou "BBC English" talvez) :

"The water in Mallorca doesn't taste quite how it should"

Até que claro, ela bebe a cerveja.

Ahh... e ainda tem o clássico "Oi, Dale"! Sim, eles usam "oi" aqui !!

Aí sempre lembro das pessoas dizendo : "acho o sotaque britânico tão mais bonito!". Bem, é bom saber QUAL sotaque britânico ! Aliás, esse termo "sotaque britânico" nem existe oficialmente... mas isso é outro papo (chaaaato).

Enjoy:


fonte: http://www.youtube.com/watch?v=kyAgy2CngfY

Ainda tô lutando pra entender 100% essa galera. Isso porque não estamos considerando escoceses, a galera de "Wales" e as dezenas de nacionalidades (e portanto vários sotaques) do mundo.


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terça-feira, 27 de novembro de 2007

Capitulo 8 - En Madrid - ¿los cariocas europeos ?

Acabamos de voltar de Madrid. Fiquei de terça a sábado por lá e essa foi minha primeira (de muitas, espero !) viagem ao "continente". Ao sobrevoar aquele pedaço da Espanha próximo do aeroporto já se nota como o lugar é bonito e parece todo "desenhado", visivelmente bem planejada. Já no taxi a caminho do hotel sente-se um ar extremamente familiar. Os prédios, a largura das ruas e a urbanização como um todo, muita coisa lembra do Brasil. Muitas ruazinhas parecendo o centro do Rio de Janeiro, muitos prédios lembrando a Zona Sul (principalmente Copacabana). A diferença, claro, é que tudo é limpo e bem mais organizado. O idioma também é familiar, e me senti tranquilo falando espanhol. As aulinhas na Embratel e posteriormente da "Betí" foram fundamentais e suficientes. Me senti semi-fluente. E não me venha com aquele papo de "eu gosto mais do jeito do espanhol de falar do que dos latinos". A imigração em massa já misturou tudo e você vai ouvir sim muita gente pronunciando "ll" que nem o nosso "j".

A cidade é definitivamente muito bonita. O clima também ajuda : agora no Outono, ultima semana de Novembro, bons 15 graus de máxima e um céu azul com sol. Ok. Sei que você que está aí no Rio vai dizer "que frio", mas eu estando a quase 5 meses por aqui acho 15 graus agradável, contanto que não esteja ventando. Aliás, parênteses : 15 graus para britânico é para homem andar na rua de camiseta e mulher de saia curta mostrando as pernas !! Já os madrileños visivelmente sentem mais frio (acostumados com o calorzão do verão deles !) pois estavam todos com casacão pesado. Até eu e Letícia achamos demais. Será q já nos acostumamos ? Com o passar dos dias percebemos que não: é que os dias estavam variando muito. 15 graus agora, 9 graus daqui a algumas horas, quase zero à noite.

Madrid realmente lembra o Brasil. Até demais para o meu gosto eu diria. Já no primeiro dia percebe-se que as pessoas falam alto, todos são mais barulhentos. Motoristas são mais nervosos no trânsito, trocam de faixa bruscamente, sinal amarelo significa 'acelere', buzina-se bastante e de vez em quando tem um babaca que pára na faixa de pedestres. Para quem está acostumado com os britânicos, isso é completamente o oposto e, para mim, irritante!
A comida é realmente excelente. Muito variada e sempre saborosa. Também é muito parecida com a do Brasil pois tirando a comida típica e especializada, as coisas mais "normais" e corriqueiras são iguais: frango assado, bife com fritas... Mas claro, sempre no estilo europeu de se comer (que na Espanha parece ser muito mais forte): entrada (primero), prato principal (segundo) e sobremesa (postre). Sem contar o cafezinho. Há muitos restaurantes que têm um preço único (8-12 euros) que inclui tudo isso, bem como vinho/agua/refrigerante. É muito bom reconhecer os pratos que as professoras de espanhol tentavam nos explicar. Paella é sempre maravilhosa em todas as versões (mixta, mariscos, carne...) Gazpacho Andaluz? É uma sopa fria que parece molho de cachorro quente (com pimentão, tomate e cebola servidos em separado) e tem gosto de molho à campanha. Tapas ? basicamente os nossos petiscos. Parrillada de Carne ? É o churrasco mixto que tem em qualquer "amarelinho" da vida(aliás, há muitos restaurantes em Madrid que fisicamente lembram os restaurantes brasileiros). Eu gosto é de simplificar as coisas... :-)
Mas, por que comparar os "madrileños" com os cariocas? Primeiro que visivelmente a Espanha é um destino popular de férias do resto da Europa, especialmente os britânicos, já que aqui é muito calor no verão. Depois porque os madrineños são conhecidos pela vida noturna. Os caras saem umas 10PM, viram a noite, dividem o trem com o pessoal indo trabalhar às 6-8AM e ainda param no bar para comer "chocolate con churros" antes de ir para casa. Por fim, a impressão é de que para o resto da Europa, Espanha é o lugar para bagunça.
Resumindo minha experiência em Madrid para o post não ficar longo demais:

NOTA DEZ :
- Palacio Real : é imperdível passear dentro do palácio;
- Real Madrid : Existe um tour por dentro do estádio Santiago Barnabeu. Recomendadíssimo para quem é fã ou não de futebol. Você roda o estádio todo, arquibancadas, campo (sem pisar na grama, claro!), banco, vestiários, tribuna especial, sala de troféus e afins.
- Museo del Prado : maravilhoso. É para se perder lá dentro apreciando os quadros, sendo que alguns têm séculos de idade mas estão tão brilhantes e vivos que parece que foram pintados ontem.
- El Retiro : parque gigante e lindo. Imagino como não fica na primavera/verão.
- Metro : eficiente, abrangente e limpo. No centro às vezes chega a dar a impressão de que tem "estações demais" (risos). Andando pela Gran Vía dá a impressão de que tem uma estação em cada quarteirão.
- Madrid Vision : é o ônibus de 2 andares sem teto no andar de cima que fica rodando os pontos turisticos. Excelente para se ter uma visão da cidade como um todo.

- Caminhar pela cidade: mesmo com o transporte público excelente, vale MUITO à pena caminhar pela cidade. As atrações turísticas são muito próximas umas das outras e a cidade é bonita demais. De metrô você não consegue apreciar a paisagem. :-)
- preço: para quem trabalha em UK, ganha e gasta em pounds em Londres e no entorno, Madrid é uma cidade extremamente mais barata. Para quem mora em Madrid não é tanto (ganha-se pouco por lá) e para quem vem com reais no bolso, continua sendo Europa, lógico !

NOTA ZERO
- Atendimento : que má impressão que fiquei do povo espanhol como um todo. Mas o atendimento nos restaurantes chamou atenção desde o primeiro dia. Ou é lento até para você receber o cardápio, ou o garçom não olha para você direito, ou o garçom tem má vontade, ou tudo junto. Pensei que estava sem sorte, mas lendo nos orkuts da vida já deu para perceber que é uma coisa meio comum. Isso falando o idioma deles, porque se não falar, parece que é pior ainda. Tive bom atendimento em alguns poucos lugares, e fui muito bem atendido no hotel (aí sim, excelente !).
- Barulhento : antes de ir para lá, fiz o meu dever de casa e portanto já sabia que a Gran Vía (avenida principal da cidade) era movimentada inclusive durante a madrugada. E que poderia ser barulhenta. Tanto é que escolhi um hotel que não era exatamente na Gran Vía, mas era próximo. Gente falando alto na rua após sair da boate eu até aceito, embora seja ridículo. Mas putz, gente gritando e buzinando às 3 da manhã ? Todos os dias ?!?! Vai buzinar durante meia hora no meio da madrugada debaixo da janela da puta que "te has parido"! Bando de Fernandos Alonsos do kcete !!
- Crianças 1: no metrô ao entrar com criança no colo, mais uma coisa "familiar". Demora à vera para alguém levantar para ceder o lugar. É aquela coisa que a gente conhece : fica um olhando para o outro até que algumas estações depois, alguém levanta. Mais saudades de Londres, onde é geralmente instantâneo e automático : entrou mulher com criança, levanta alguém.
- Crianças 2: Madrid como um todo não está preparada para crianças e nem cadeiras de rodas. Nenhum, eu disse, NENHUM dos restaurantes que fomos possuía aquela cadeirinha mais alta de crianças. Só tinha no hotel para tomar café (mais uma vez o hotel é nota dez !). Fora isso, andando pela cidade é escada para tudo quanto é lado para entrar e sair dos estabelecimentos e quase nada de rampas de acesso. Mais uma vez acho que já estou mal acostumado pq ter que carregar a criança no colo dentro de museus e locais turisticos porque não dá para empurrar o carrinho de bebê ou ter que subir escada rolante em loja/shopping com carrinho e tudo porque não tem elevador é algo que não lembro de ter precisado no Reino Unido.
- Inglês : Quem não fala espanhol deve sofrer, porque não se faz muito esforço para se falar inglês. Em alguns restaurantes dos pontos turisticos principais há menu em inglês e em alguns o garçom até se arrisca a falar algo mas...

Isso tudo me faz lembrar de algo que li uma vez: "No Brasil primeiro mundo é Austrália, EUA, Canadá, Japão, Europa... Na Europa, primeiro mundo é Suíça, Inglaterra, França, Alemanha..."
Pretendo voltar à Espanha, de preferência na Primavera-Verão e indo para uma cidade de litoral, para conferir as praias. E quem sabe melhorar a impressão geral.

Para finalizar, Madrid é uma cidade recomendada para se visitar sem dúvida. Se você for como solteiro ou casal sem filhos vai aproveitar mais ainda. Quem sabe não encerra a noite às 6AM tomando chocolate con churros ? Só não vai sair por aí falando alto, por favor ! (risos)

PS: COMENTEM os posts do blog por favor! Senão, parece que estou escrevendo pra ninguém e acaba desanimando.

Fotos: 1- Palacio Real / 2 - Real Madrid / 3 - Heroes - Salva la animadora, salva el mundo ! (achei engraçado ! hehe)
Video: Passeando no onibus Madrid Vision. Não ficou muito bom porque o youtube detona bastante a qualidade do video.

Mais fotos ? Visite o flog !



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sábado, 10 de novembro de 2007

Capítulo 7 - Violência britânica








Essa foto aí ao lado mostra um "public footpath" em Reading, onde a gente passa andando por debaixo do viaduto onde passa o trem. Pode dizer : vc está sentindo falta dos moradores de rua e da sujeira, né?! (risos)
Embora ao conversar com um britânico ele vá provavelmente reclamar e dizer que "Britain" está muito violenta, quem vem do Brasil (ou de qualquer outro país em desenvolvimento, eu diria) vai achar que aqui é muito tranquilo.

Para começar, ao andar para cima e para baixo a maioria anda sem preocupações: nada de ficar "sempre alerta", atento a quem está andando próximo ou a quem está dentro do trem/onibus, imaginando se há segundas intenções ou não. Ao invés disso, é normal ter muita gente com IPOD/MP3 player, Palm, games (tipo o Nintendo DS) ou celular super moderno para cima e para baixo, principalmente no trem e nos ônibus, sem o perigo de alguém entrar anunciando assalto ou sentar-se ao seu lado apontando uma arma. No trem Reading-Londres pela manhã por exemplo é comum o pessoal abrir o laptop e terminar aquela planilha ou apresentação que precisa ser usada na reunião das 10AM no escritório...

Aliás, crime com arma de fogo por aqui ainda é algo raro. Para vocês terem uma idéia, a grande maioria dos policiais não andam com arma de fogo, o que é um grande contraste com os PMs de fusil pelo Rio de Janeiro. E os bandidos também não possuem acesso fácil à armas.

Mas afinal, quais os crimes que "aflingem" os britanicos ? Nem tudo são flores e portanto, há alguns :

- "pickpockets": para nós brasileiros são os famosos "batedores de carteira". Não tem jeito, toda cidade grande que tem concentração de pessoas na rua sofre com isso !!! Mas você só vai ser roubado se der muita bobeira como largar a bolsa em qualquer canto sem olhar, mulher com bolsa semi-aberta e desatenta, etc... E isso só é um problema nos grandes aglomerados de Londres, como "Leicester Square", "Piccadily Circus" e nas estações de metrô mais movimentadas.

- "Burglary" : é quando o ladrão entra em sua casa e leva algumas coisas. Porém, nada de bandido entrando em casa e rendendo à todos, trancando os moradores no banheiro e fazendo a limpa. O que acontece aqui geralmente é o ladrão entrar à noite quando todos estão dormindo, pegar jóias, dinheiro e coisas menores e sair. Vale lembrar que aqui isso pode ser relativamente "fácil", pois as casas são em geral sem muros, sem trancas especiais (nunca vi uma "tetra-chave" por exemplo, é só chave "comum" mesmo e pronto), sem porteiros, sem grades na janela... E como sempre pode ter um morador um pouco mais distraído que esqueceu de trancar a porta, há ladrões que simplesmente ficam tentando girar as maçanetas à noite, até entrar em alguma casa. Nada que aconteça em qualquer lugar ou a toda hora.

- "Anti-social behaviour" : esse é o crime mais "estranho" conceitualmente para nós acostumados a ver uma cidade dominada pelo tráfico de drogas. Muitos podem nem ver como algo tão preocupante, mas ao meu ver esse é um dos crimes que mais preocupa os britânicos. O que é ? Sabe quando um grupo de adolescentes sem ter o que fazer sai por aí para falar alto e fazer baderna no meio da rua ? Ou quando aquele grupo de amigos bebeu demais e fica mexendo com as mulheres na rua? Ou quando os moleques saem para pichar e/ou derrubar latas de lixo ? Ou aquele cara estaciona na rua exibindo o seu som "Furacão 2000" em milhares de decibéis? Pois é, isso é crime e é o que a polícia mais combate nas ruas.

- "Assault" : não confunda, pois isso não significa "assalto". "Assault" é quando alguém é atacado violentamente. Aqui geralmente é porrada mesmo ! (risos) É aquilo : o cara bebeu demais (e aqui bebe-se pra kcete também !) e no meio da rua olhou para um outro cara que estava andando tranquilamente e resolveu meter a porrada. Quando acontece é algo que chama atenção da cidade ou do bairro (no caso de Londres que é maior). As autoridades penduram cartazes pela rua dizendo "ocorreu um 'assault' na rua tal por volta de tal horário, se vc viu algo ou tem informação, denuncie". É comum pegarem o cara.

- Roubo de carro : acontece mas não chega nem perto do Rio de Janeiro. Para começar, o mesmo conceito de segurança que se tem para as casas se tem para os carros. Carro aqui geralmente fica estacionado no meio da rua (mas não na calçada, claro !!!), sem qualquer proteção externa. Aqui ou se rouba o que você deixou de bobeira dentro do seu carro velho e sem alarme, ou se rouba BMW/Ferrari/Mercedes/Porshe super potente, o que provavelmente é coisa de gangs especializadas nesse tipo de roubo. Fora isso, pode-se dirigir o teu carro (seja um Ford Ka, um Golf velhinho ou um BMW conversível "zero-bala") com tranquilidade pelas ruas que ninguém vai te incomodar. Se você esquecer sua carteira no carro e a chave na ignição e voltar lá umas horas depois, é mais provavel que tudo esteja lá do jeito que vc deixou (mas claro que é melhor não arriscar ! hehe). "Carjacking" - que é o cara te parar no meio da rua e tomar o teu carro - é raríssimo e definitivamente não acontece se você tem um carro comum. Ahh, e seja qual for o horário, todos SEMPRE param no sinal vermelho. Tenho até que me policiar porque às 11 da noite sem ninguém na rua a tendência natural é olhar pros lados e avançar... mas aqui não é necessário e ainda não vi ninguém fazer.

- Crimes com facas : esse sim o problema mais sério na minha opinião! Já que não tem pistola e fusil, as gangs andam usando faca como arma. Isso está crescendo fortemente e é uma grande preocupação. Porém, mais uma vez isso geralmente está relacionado aos "Assaults" e "Anti-social behaviour", além de estar restrito à bairros (geralmente RUAS) menos, digamos, recomendadas na calada da noite. Quando acontece de alguém morrer tomando uma facada, é noticia na televisão na certa !! Geralmente é briga de gangs e não afeta o cidadão comum... mas vem piorando drásticamente. É prioridade do governo federal resolver isso.

Falando em televisão, aqui há alguns programas policiais na TV. Legal, lá fui eu assistir, imaginando ver aquela perseguição, ou aquela troca de tiros, ao estilo filme americano. Tsc, tsc,tsc ... Quanta "decepção"! (risos) Programas com nome "Street Crime" ou "Road Wars" mostram a vida "dura" do policial britânico patrulhando as ruas. As situações mais comuns são:

1 - pelo CCTV da rua (sim... Londres é a cidade mais monitorada do mundo! E outras de UK não ficam longe ! "Big Brother is watching" !!) a policia foi alertada de baderna na rua. E lá vão os policiais para apartar a briga entre 4 mulheres que sairam de um bar, uma puxando o cabelo da outra.

2 - O policial vê um carro andando sem pagar o imposto (é o nosso IPVA) e pára o cara para interrogá-lo (aqui você tem que andar com um adesivo que informa que o teu imposto está pago!). Geralmente o motorista está todo errado, possivelmente bebeu (e eles sempre aplicam o teste do bafômetro). Os policiais ficam mais uma vez conversando educadamente com o infrator, aplicam multa e em geral evitam de prender os caras, ficando só na advertência. Mas se o miliante estiver sem condições até de conversar, eles botam em cana para interrogá-lo no dia seguinte.

3 - Patrulhando as ruas eles vêm um grupo de adolescentes aparentemente sem ter o que fazer. Lá vai o policial, fica conversando com os moleques, percebe que um (ou todos) deles está meio bêbado/drogado... Aí fica aquele bate-papo de "qual o seu nome", "onde vc mora"...

Ahh, isso me lembra de dizer que aqui ninguém é obrigado a andar com documento de identificação ! Se você for apanhado cometendo infração de trânsito por exemplo, você tem 1 semana para apresentar seus documentos na delegacia. Eu digo que aqui ainda é em grande nível "uma comunidade baseada em confiança nas pessoas". Mas isso é assunto para um capítulo a parte.

Pois bem, depois de todo o bate-papo o policial fica preocupado com o "bem-estar" (welfare! há outra tradução??) do rapaz e resolve botá-lo dentro do carro e levá-lo para casa, onde sua mãe lhe dará "a lição" merecida.

Poxa... fala sério ?! Que programa policial mais sem graça!! E eu esperando algo à lá "Tropa de Elite"! uhauhauhaha Isso sem contar um programa q eu vi onde o policial teve foi lá dar uma dura no cara pq ele estava urinando na parede! Aí o cidadão pagou NA HORA uma multa (80 libras) e ainda veio um caminhão com pano e um balde de água para que o mijão mesmo limpasse o que ele fez. (risos e mais risos )

As reclamações dos britânicos fazem sentido porque se compararmos com o passado do país (e da Europa como um todo), a criminalidade é aparentemente bem maior hoje. (embora as estatísticas digam o contrário). Sem contar que Londres especificamente é considerada a cidade com a maior taxa de criminalidade da União Européia (a comparação com os países vizinhos é sempre um medidor). A verdade é que ninguém esperava uma quantidade tão grande de imigrantes do mundo todo e em tão rapidamente. As cidades estão sofrendo um pouco com isso pois a infra-estrutura não conseguiu acompanhar o aumento da população. Vale lembrar que em alguns casos mais locais como burglary ou anti-social behavior constante em determinada rua por exemplo, há trabalhos especificos de policiamento e geralmente o problema é, pasmem, resolvido! Por fim, concordo plenamente com a preocupação deles: é melhor agir agora do que quando estiver descontrolado (te lembra de algum lugar ?).
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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Capítulo 6 - Bem amigos da Rede Globo...

... estamos de volta ! É... o blog andou 1 mes sem atividade, mas foi por falta de tempo e de criatividade ! Vou tentar botar mais e mais coisas por aqui.

Falando em assim q nem o Galvão me lembra que outro dia eu estava passeando no parque aproveitando um dia de sol (que no meio do caminho foi encoberto) de outono (já meio frio !) e vi a galera jogando futebol. A primeira coisa de interessante é que aqui vc não vê as pessoas jogando futebol em qualquer canto... nada de futebol no asfalto, nem naquela quadra que tem mais terra/areia que outra coisa, nada de golzinho na ladeira onde vc tem que correr atrás e dominar muito bem a bola quando jogando "a favor da gravidade", nada de parar porque está passando um carro ou uma senhora, nada de subir e descer da calçada com bola e tudo... Aos poucos a gente vai confirmando porque que o Brasil cria tantos craques : joga-se em todas as condições possíveis e imagináveis ! :-D
Hills Meadow park, a 10 min andando de casa: ao fundo, os patos que vivem no "River Thames" buscando comida no chão do parque, as folhas amarelas de outono nas folhas e no chão e as tão comentadas nuvens que cercam "Britain" no céu


River Thames cortando o "Thames Valley", que passa por Reading !

Em compensação, por aqui em todo canto tem um parque e em todo parque de tamanho decente tem um campo. Geralmente os caras estão 100% (ou quase) equipados, já que é só ir ali na loja de esportes e umas 20 libras o cara sai com camisa, short, meião, caneleira e chuteira.
Pelada inglesa com direito a juiz ...

Ah, e tudo bem que a gente organiza nossos campeonatos de pelada no Brasil. Mas... com bandeirinha e tudo é sacanagem ! Ae Marco Aurélio, aqui se ficar na banheira é impedimento, valeu ?! (risos)
... e assistente !
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segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Capítulo 5 - Pra cima e pra baixo

Fala galera.

Pra começar, desculpas. Dificil ter tempo e/ou inspiração para ficar atualizando isso daqui semanalmente ! hehehe Vai ser atualizado conforme for dando... mas vou sempre avisar no MSN. Ahh, e não esqueçam de ler as seções à esquerda do blog pois também são atualizadas !!

Acho que ainda não falei do transporte, né? Há vários aspectos para se discutir. Primeiro, não estou em Londres, onde há uma rede muito capilarizada de metrô e também uma boa rede de onibus. Como não vivo lá todos os dias, não posso dizer muito mais do que isso.

Pelas cidades pequenas em geral, é mais comum o pessoal usar carro. Mas antes de imaginar o jeito norte-americano de ser (nas cidades "car-based" vc nem vê ninguem na rua andando! É carro pra ir na loja que fica no proximo quarteirão!), saiba que aqui a galera anda bastante. É comum dizer que algo fica a "walking distance"... mas aí vc anda, anda, anda, 20 min se passaram e vc ainda não chegou no destino ! Walking distance é o *$&$@ !! uahahahaha

Em "Reading" especificamente que é onde estou morando, há uma rede de onibus muito boa. Vou tentar enumerar as coisas q chamam atenção:

1 - Nada de um MONTE de onibus pra cima e pra baixo atrapalhando o transito. Aliás, aqui todo o mundo dirige de forma bem mais civilizada;
2 - Nada de mais de uma linha de onibus fazendo o mesmo trajeto! Vc já percebeu a quantidade de onibus que existem no Rio de Janeiro para ir do Centro à Copacabana ?! Muitos passando por praticamente as mesmas ruas e parando nos mesmos pontos. Eu acho isso completamente ineficiente ! Aqui não acontece. Impossível 2 ônibus parando no mesmo ponto ao mesmo tempo, nem aquela coisa chata de "ihhh, meu onibus passou direto!".
3 - Onibus de 2 andares é o mais comum;
4 - A entrada do onibus fica no mesmo nível de altura da calçada. E se não está no mesmo nível, o onibus tem suspensão inteligente, que "desce e sobe" o onibus conforme a necessidade;
5 - Sem escadas para entrar e com espaço especial para cadeira de rodas ou carrinho de criança. Aqui é extremamente comum as mães pra cima e pra baixo empurrando carrinho de criança. Primeiro que as calçadas estão livres (sem carro estacionado), sem buracos e com rampas para atravessar a rua. E depois pq o onibus parece feito para elas ! As mães e bebês entram e saem dos onibus sem dificuldade alguma e sem precisar de fechar o carrinho ou de ajuda.
6 - Não tem como se perder. No ponto de onibus tem o mapa da cidade com o trajeto das linhas e a tabela de horários, que é preciso (09:37, 15:43, 16:11...) e claro que pode atrasar um pouco de vez em quando (transito é transito: imprevisível), mas em geral pode contar que vai chegar no minuto correto.

E o trem ? Excelente também. De Reading para o centro de Londres são 40 milhas (64 Km) que vc faz em 30 min. Os horários também são bem definidos (aliás, o q identifica cada trem é o horário) e em geral é pontual. Quando vai atrasar, sempre é avisado ! "The 15:32 to London Paddington is expected at 15:34. We apologize for the delay". hehehehe desculpas por 2 min de atraso ! ;-)

Trem London - Reading.

Também não podemos esquecer das bicicletas, que aqui também estão em grande número. Vale muito à pena rodar a cidade de bicicleta (pelo menos fora do inverno). Sem contar a galera que vai de uma cidade à outra de bicicleta, da seguinte forma : bicicleta de casa ao centro da cidade; bicicleta dentro do trem (que em alguns vagões tem espaço reservado para elas); bicicleta da estação da cidade de destino até o trabalho/escola/faculdade.

Tudo isso explica o quanto o pessoal por aqui é mais "desvinculado" com determinada cidade ou bairro. Digo, explica pq as pessoas se mudam ou "comutam" com frequencia de uma cidade à outra. Estudar em Oxford e passar o fim de semana com a família em Londres é algo muito comum. Aliás, é praticamente impossível vc estar na estação de trem e não ver várias pessoas com malas de viagem.

A unica desvantagem é que isso tudo tem um preço... ALTO ! Ir de Reading a Londres no horário de rush custa 28 libras (ida e volta). Convertendo ficam absurdos 120-130 reais. E tem gente q faz isso todo dia! Claro que há tickets para o mes todo e/ou ano todo, que barateia bastante, mas ainda assim é caro (mesmo para quem vive aqui e ganha em libras). Já no fim de semana, dá para ir de Reading a Londres e rodar pro todo o transporte de Londres (entra e sai quantas vezes quiser de qq estação de metro ou de onibus) e voltar pra Reading por 15 libras. Nada mal...

Aliás, esse papo de caro ou barato é interessante. Será o tema central de um dos próximos capítulos certamente. E aí vamos ver se aqui é absurdamente mais caro de se viver mesmo ou não. ;-)

Abraços.
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sábado, 15 de setembro de 2007

Capítulo 4 - Dirigindo do lado errado

Galera, primeiro desculpas pela demora em atualizar o blog. Nas ultimas semanas finalmente me mudei para o apartamento que aluguei, tive muitas coisas para fazer e comprar. Para completar até agora ainda tô sem banda larga em casa; droga de British Telecom. Tão "eficiente" quanto a Telemar !!

Mas comprei meu carro !!!! Ôba ! E aqui estou dirigindo um "right-handed". Antes de começar a dirigir é preocupante : vc sempre acha que vai fazer algo errado. Mas depois que começa a dirigir, é moleza. Vamos aos desafios :

1 - Passar marcha com a esquerda. MOLEZA, principalmente para um canhoto. Em menos de 10 min eu já estava acostumado, e não lembro de em momento algum dar cotovelada na porta, naquele impulso de procurar o cambio na direita ! (risos)

2 - Se manter do lado esquerdo da pista. Não é dificil, principalmente pq tudo é muito bem sinalizado. Quando vc sai de uma rua para outra, geralmente vc dá de cara com uma seta no meio da pista apontando para a esquerda. Meio dificil de entrar na contra-mão. Mas é bom ficar ligado, claro.

3 - Noção espacial. Foi o mais difícil de se acostumar... Por estar sentado na direita, vc passa a ter "muito carro" à sua esquerda. É meio chato. No início vc sempre acha que vai pegar o meio-fio ou bater em um carro estacionado...

Ahh, as pessoas por aqui também dirigem de forma muito mais tranquila. Nada de motorista jogando o onibus pra cima de vc, nem taxista maluco, muito menos um monte de motos passando entre os carros. Tudo isso facilita muito. Aliás, moto aqui só de primeira, e com os motoqueiros 100% vestidos para a "ocasião". Às vezes parece q vc está vendo motos da MotoGP na rua...

O fato é que após alguns dias vc já está dirigindo confortavelmente, acostumado com o caminho (claro que com um "Sat. Nav", vulgo GPS, fica mais fácil. Muita gente tem, e claro q comprei um tb !!), com o trânsito e com o carro. Mas lógico, quando estou parado no sinal sem ninguém a frente, o sinal abre e vc entra na próxima rua, de tempos em tempos vc pensa : "putz ... será q tô na contramão ?!?!?!"
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segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Notting Hill Carnival - 27/08/2007


A galera dançando ao som de... ao som de... KCETE ! Que musica é essa ?! uahhahaha


Legal que neste carnaval deles, rola um monte de blocos diferentes, e também muitos palcos armados com som diferente. Vi muitos jamaicanos e musica do Caribe em geral, mas rola de tudo. Do Brasa, vi uma galera jogando capoeira e também a apresentação do "Paraíso School of Samba". Com direito a mulata semi-nua em carro alegórico e tudo ! ;-)




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domingo, 26 de agosto de 2007

Capitulo 3 - BBQ

Em um sábado de sol, fui convidado por um amigo do trabalho (britânico ! mais uma vez quebrando a expectativa do "gelo" inglês) para ir à casa dele almoçar. Ele mora em um lugar um pouco mais rural (termo q eles usam), mas é só um lugar um pouco mais afastado do centro da cidade; seria uma "Vargem Grande" talvez (eu e minhas comparações ! risos). E lá fui eu, claro.

Tive portanto a oportunidade de conhecer a casa dele, conhecer parte da familia e de experimentar um típico churrasco britanico (ou americano... acho que são iguais). Nada mal! Hamburger, frango e a clássica "sausage" (que ninguém sabe dizer se é salsicha, linguiça ou os dois), acompanhados de pão e salada (bem... isso não deve ter nos States). Também teve uma bebida (doce à vera) tipica deles que não me lembro o nome, e um sorvete caseiro de sobremesa. Por fim, eles ainda me levaram para conhecer as redondezas da cidade : bastante natureza.

No sábado seguinte, também de sol (pra quem achava que não o veria mais, ele até que aparece com "certa" frequencia por aqui no Verão), fui convidado para outro churrasco, desta vez da galera brasileira que mora por essas bandas a oeste de Londres (Maidenhead, Slough, Bracknell, Reading...).

Esses brasileiros são todos família (a maioria a mais de 5 anos por aqui, casados, com filhos...) e muito gente boa. Como bons "cidadãos mundiais", também são bem misturados: é brasileira casado com portugues, baiana com italiano, descendente de japones se misturando em Curitiba e vivendo aqui... Para este churrasco, conseguiram inclusive comprar Picanha brasileira (ao menos foi o que venderam pra eles ! hehe), para "abrasileirar" um pouco mais a coisa (risos). Isso transformou o nosso churrasco em algo inimaginável e luxuoso para os vizinhos britanicos que sentiam o cheiro da picanha (será q era mesmo ?!), já que aqui não é comum comer tanta carne de uma vez só. Um dos motivos é certamente o preço!

Enfim, nada mal fazer churrasco no quintal e aproveitar a rara tarde de sol inglesa. Logicamente não se compara à churrascada com pagode e piscina do Brasa, mas quebra o galho ! :-)
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quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Capitulo 2 - Nada como uma semana após a outra

Uma semana se passou e já dá para se sentir mais em casa. Para começar, acho q só agora coloquei o sono em dia e me acostumei com o novo fuso-horário. Além disso, já estou mais à vontade no trabalho e, entre as várias coisas que são diferentes do que se espera antes de vir, as pessoas no trabalho são legais: me sinto como se estivesse começando em qualquer escritorio no Rio de Janeiro. As pessoas conversam, brincam, há os momentos para tomar um café/chá e falar "sobre o nada"... Nada de um lugar de gente fria que mal fala "bom dia" e "até amanhã", como muitos possam achar.

O que realmente mudou o meu ânimo foi a visita de poucas horas que fiz ao centro de Londres. Foi onde vi muitas pessoas, muitos pontos turisticos, pude visitar alguns museus (todos excelentes e de graça)... Muitas coisas impressionam, mas uma curiosidade interessante para nós é o fato de vc encontrar uma quantidade GIGANTE de brasileiros na Rua. Mas como vc sabe q são brasileiros, Ed ? Pq eles estavam conversando em português, e quando se está fora do país se reconhece sua lingua-mãe com uma facilidade imensa ! (risos)

Sendo assim, confirmei que definitivamente não sou um cara de cidade pequena. Ahh, acho q não comentei que até agora fiquei em um hotel em Slough, né ? Slough é uma cidade predominantemente industrial/comercial (muitas grandes empresas) a oeste de Londres (coisa de 20 Km de "Central London", o que significa 10-20 min de viagem de trem). Slough também é conhecida como um dos maiores destinos escolhidos por Paquistaneses, Indianos, Muçulmanos em geral e Poloneses para morar. Por conta dessas e outras características, Slough é contra-indicado por 10 em cada 10 ingleses como lugar para viver. Depois de Slough, vou ficar por 1 mes em Maidenhead (na casa de um amigo), uma cidade pequena mas considerada de alta renda, a uns 10 km a oeste de Slough.

Pois bem... Slough realmente não precisa comentar : é o cocô do cavalo do bandido para todo britânico, exemplo de cidade ruim para eles. Confirmei isso em um programa q passou na BBC e falava justamente em como a cidade está sofrendo com a imigração ilegal que rola por aqui. Um colega meu falou "então é uma São Gonçalo ou uma baixada fluminense de UK". heheehehe Definitivamente não... ainda é muito melhor q São Gonçalo, Nova Iguaçu e afins. É ruim para os padrões daqui... e ponto.

Já Maidenhead é uma cidade muito bonita, próxima do trabalho e ainda assim próxima de Londres (isso pq aqui vc viaja de uma cidade a outra de trem com a facilidade de quem pega metrô entre Siqueira Campos e Carioca). Mas por ser pequena (30mil habitantes, acho) eu acho horrível andar na rua às 7 da tarde e não ver praticamente ninguém !

Resumindo as impressões das primeiras semanas :

- Ingles não é todo fechadão;
- Aliás, quem é inglês por aqui ? É tanta gente do mundo todo, são tantas raças, tantas cores que te desafio a identificar no olhar quem é cidadão e quem não é ! Sabe aquele cara barbudo usando turbante ali na esquina ? Pode ser um cidadão britânico, que nasceu aqui e falando ingles perfeito !
- O sistema de trem é muito bom mesmo. Um pouco caro, mas funciona perfeitamente;
- Saber ANTES DE SAIR DE CASA qual o exato minuto em que seu trem ou seu ônibus vai passar é excelente;
- o metro de Londres (Underground ou "Tube" para os mais intimos) é excelente também. Embora fique lotado na hora do rush (ainda não peguei, pq não preciso usá-lo neste horário), a capilaridade e a velocidade de uma estação a outra é muito boa na minha opinião.
- É outra qualidade de vida ! Demorei um tempão para perder a neura carioca de achar que todo mundo é um assaltante em potencial. Enquanto no Rio eu faria de tudo para nem parar no sinal vermelho (e se parasse seria de vidros fechados e com insulfilm), aqui tem gente parando no sinal com Mercedes conversível e capota aberta.
- O clima é diferente, mas eu esperava algo muito pior. Esperava nem ver o sol direito, mesmo no verão. Para vcs verem... espectativa é tudo ! (risos) Mas eu SEI que vai ficar muito pior, nem que seja no inverno.
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Capítulo 1 - desembarcando em Heathrow

Cheguei... mas peraí ? Estou no país certo ?

O fato é que o primeiro dia em solo real é de sol e até um "certo" calor. Rapidamente percebo que cheguei trazendo um pouco do sol do Rio de Janeiro, pois os dias anteriores foram de fortes chuvas e inundações pela Inglaterra. Vi em algum noticiário na TV que foi o maior volume de chuvas desde algum momento no século 19, quando começaram a fazer essa estatística. "It's the climate change" eles dizem...

A viagem foi tranquila e, embora dure umas 13 horas, passa rápido. Sem atrasos e sem maiores problemas. O controle de imigração também foi bastante tranquilo, confirmando a minha impressão desde o inicio : se vc é um imigrante qualificado e fez tudo o que precisava fazer (tem work permit, um emprego de qualidade em uma grande empresa e pegou o visto na embaixada), o Reino Unido fica até feliz em te receber.

Fora isso, o impacto da primeira semana é forte : novo trabalho, sem casa, longe da familia, outras pessoas, outro idioma... pelo menos o clima estava ajudando. É cansativo só de pensar na quantidade de coisas que preciso fazer para um dia me sentir em casa...
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