domingo, 18 de janeiro de 2009

Top 10 coisas que você precisa se acostumar em UK - parte 1

Esse tópico é baseado nos vários "top ten things" do blog Gringa in Rio (que é ótimo e recomendo!) e portanto não poderia deixar de mencioná-lo. Basicamente esse texto é uma lista dos "dez mais", então não preciso explicar muito. Segue abaixo:


10- Diversidade cultural. Eu sei, nós brasileiros estamos acostumados à diversas culturas e cores diferentes. Mas no Brasil tudo se misturou e viramos uma grande raça brasileira que fala o mesmo idioma. No Reino Unido - principalmente em Londres - é diferente pois há uma diversidade enorme de gente que nasceu mesmo em outro país (ou no máximo é 2a ou 3a geração) e agora vive por aqui, mantendo seus costumes e características. Ou seja, ainda são estrangeiros em sua forma original, crua e integral. (risos) Muitos se misturaram à cultura local mas muitos ainda vivem em comunidades separadas, formando certos guetos. É gente do mundo todo se esbarrando a cada momento, de forma a em alguns momentos te dar impressão de que fala-se todas as línguas do mundo em Londres... exceto inglês. Negros, brancos, loiras e morenas? Esse é o básico da pluralidade e é normal por aí em "qualquer" cidade. Mulher de burca só com os olhos de fora? Homem de barbão e turbante trabalhando na imigração? Indianas com roupas típicas? Brasileiro com camisa do Corinthians? Toda essa gente junta no mesmo vagão do metrô? Isso é cosmopolita, isso é Londres!


9- Assoar o Nariz em público.
Isso vale pra Europa toda (acho). Quando estamos resfriados no Brasil a gente fica fungando pra cima e pra baixo e só assoa forte mesmo no banheiro. Aqui acho que seguem o seguinte conceito: coisa ruim é para botar pra fora. Nada mais normal do que andar com lenço no bolso e assoar o nariz sempre que necessário, seja onde for: no meio da rua, ônibus, metrô, escritório, sala de aula... Quando tem mais de um resfriado é uma barulheira do cacete. Dá pra medir a "APM" (assoadas por minuto). Conclui-se portanto que no fim das contas aqui é o inverso: ficar fungando por aí com o nariz escorrendo ao invés de assoar que é considerado meio nojento.




8- Cultura "faça você mesmo". É o famoso DIY (Do It Yourself). No geral significa fazer tudo na sua casa (manutenção, pintura, jardinagem ...) por conta própria, sem contratar ninguém. Mas por aqui a bricolagem (DIY em bom português) vai um pouco além de ser um hobby pra alguns. Pode ser necessidade! A verdade é que mão-de-obra é sempre cara e fazer você mesmo pode ser o melhor custo-benefício. Assim que vim pra cá por exemplo um camarada meu do trabalho (um inglês) tinha acabado de repavimentar a frente e parte da calçada (na verdade a driveway). Isso que é 'virar laje', hein? (risos)
Isso não é só com consertos e melhorias em sua casa. Você deve pensar em se virar sozinho para praticamente tudo. Ter aquela empregada/diarista faz-tudo (faz faxina, lava, passa e ainda é babá das crianças) ganhando míseros R$500,00 (às vezes sem carteira assinada) que é relativamente comum na classe média brasileira por aqui é pra pouquíssimos. Aliás, nunca ouvi falar de ninguém que tenha. Repito: mão-de-obra é cara! Por um lado é bom porque o empregado não ganha salário de fome, por mais simples que seja o trabalho. Mas também significa que tanto indivíduos quanto empresas evitam a contratar um ser humano quando não é 100% necessário. Desde não ter porteiro na maioria (senão todos) dos prédios residenciais até abastecer seu carro (nada de frentistas) ou fazer compras (já há self-checkout como na foto ao lado que substituem os caixas de supermercados) tende a ser tudo contigo mesmo. "Se vira neném"! Por outro lado, quase tudo tende a ser prático, direto, com pouca ou nenhuma fila e informatizado sempre que preciso.

7- Espaço pessoal e privacidade. Muita gente diz que europeu é mais reservado, e alguns povos são especialmente famosos nesse aspecto, como o pessoal dos países nórdicos, os alemães... e os ingleses. Mas fazendo uma auto-crítica ao nosso jeito de ser e olhando o outro lado da moeda (lendo o blog da gringa por exemplo) na verdade percebe-se que o brasileiro pode ser um pouco intrusivo demais. A gente acha que todo o mundo tem que ser "camarada", que todo o mundo tem que gostar de conversar sobre futebol e que todo o mundo tem que aceitar uma sacanagem de vez em quando. Você me chama de baixinho/gordinho/magrinho/quatrolho e eu assumo que posso te chamar de negão/cabeção/paraíba/etc, mesmo que tenhamos nos conhecido hoje.
Dito isso, você perceberá que as pessoas por aqui evitam ficar encarando estranhos na rua. No Brasil (ou no minimo no Rio-SP) não tem nada mais comum do que uma amiga cutucando a outra pra reparar e falar mal da roupa de uma terceira mulher que está no mesmo ônibus. Aqui tem gente que pendura melancia no pescoço (literalmente às vezes) porque é fashion (na cabeça dela!) e as pessoas simplesmente deixam estar. Nas casas por aqui é completamente incomum haver muros, o que significa que é possível literalmente olhar tudo dentro da casa das pessoas pela janela. Mas também percebo que praticamente ninguém olha, todo o mundo evita invadir a privacidade alheia. Trocar beijinhos no rosto? Isso é coisa de francês. Aqui só se você já tiver certa intimidade com a pessoa.

6- Casas antigas. Como você já sabe, o Reino Unido é um país extremamente antigo ( não a toa a Europa é o Velho Mundo). E também deve saber que as ilhas britânicas são... ILHAS, o que por si só costuma significar "pequeno". Sendo assim, não há muito espaço nos grandes centros pra novas construções e tende-se a preservar o verde e o que é antigo (raro demolir pra construir arranha-céus). Ao procurar acomodação por aqui portanto você deve se acostumar com o fato de que é muito mais provável encontrar uma casa (bi/tri)centenária do que um apartamento moderno. Mais detalhes sobre isso vou deixar para um post específico. Por hora, saiba que há excessões (muitas até, dependendo de sua cidade) mas se acostume com a regra.

Fique ligado. Na próxima semana revelarei os 5 primeiros do ranking. Acesse o blog e confira.

Fotos: google images

5 comentários:

  1. Excellent list! And thanks for the shout out!!!

    Menos #6, todos aplicam aos EUA tambem (particularmente NY). A coisa do nariz eh muito engracado, especialmente porque era parte da lista das 10 licoes cariocas que escrevi (que ainda esta para publicar). Confesso que as vezes esqueco e faco em publico...ate que as pessoas comecarem a me olhar com nojo.

    I can't wait for the second half of the list!

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  2. Muito interessante! Poxa, não ter fila em caixa de supermercado por exemplo, parece sonho por aqui. Concordo que o brasileiro é meio intrusivo mesmo. E, entendo que no quesito assoar o nariz, às vezes me parece mais irritante ouvir as pessoas fungando o tempo todo, tentando "empurrar tudo pra dentro", como se fosse para ir em direção ao cérebro, cruzes! Hahaha!! Eita papinho nojento,hahaha!!! Gostei da lista!

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  3. Rachel/riogringa,

    Obrigado pela presença por aqui!

    Eu realmente tinha a impressão de que isso tudo que escrevi se aplicava aos EUA também (exceto o #6), mas nada como alguém com conhecimento de causa pra confirmar! Thanks!

    Acho que na outra metade da lista a coisa vai ficar um pouco mais específico daqui. Você quem vai me dizer na semana que vem. ;-)

    Com relação à essa coisa do nariz, comigo é o inverso: até penso em assoar em publico mas não me sinto à vontade. Me acostumei a ver as outras pessoas fazendo e não acho mais estranho, mas eu particularmente não consigo. Engraçado como o costume faz nosso cérebro bloquear. Vou tentar de novo no meu próximo resfriado... hehehe

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  4. Concordo em parte. Será respeito pela privacidade ou simplesmente as pessoas já não dão a mínima pra quem vive na próxima porta? Quando leio sobre crianças que sofreram violência nas mãos dos "pais" (o mais famoso caso aqui foi a morte de Baby P.) me pergunto como nenhum vizinho NUNCA ouviu nada? Abraços.

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  5. Anônimo disse: "como nenhum vizinho NUNCA ouviu nada".

    Sinceramente? Até aí morreu Neves pq isso no Brasil também acontece. Acho que vai muito além dessa questão de espaço pessoal/privacidade que citei.

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